Câncer de Tireoide - Como proceder?

O câncer de tireoide é um tumor maligno que se inicia nas células dessa glândula que tem forma de borboleta e fica localizada na região anterior do pescoço. Sua função é produzir e liberar hormônios, como a tiroxina (T4), a triiodotironina (T3) e a calcitonina.

Mais sobre o câncer de tireoide


Este câncer surge da multiplicação desordenada de células anormais, comumente formando nódulos na tireóide. Então, as células do câncer podem migrar para outros locais, como gânglios cervicais, pulmão e ossos, processo conhecido como metástase. 


Atualmente, o câncer de tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço, mas apresenta excelente prognóstico na maioria dos casos e baixas taxas de recorrência após o tratamento inicial. 

Quais os tipos de câncer de tireoide existentes?

Classificamos este câncer de acordo com o tipo da célula da tireoide que ele se origina e do seu aspecto ao microscópio: 



Carcinoma papilífero da tireoide 

É o tipo de câncer mais comum nesta glândula, representando cerca de 70% a 80% de todos os casos.

Geralmente, ele é de crescimento lento e com tendência a disseminar para os gânglios do pescoço.

No entanto, na maioria dos casos, ele apresenta bom prognóstico, mesmo que já tenha se proliferado para estes gânglios.


Carcinoma folicular da tireoide

É responsável por até 15% dos cânceres de tireoide e apresenta uma tendência de se espalhar através do sangue para órgãos distantes, principalmente pulmões e ossos. 


Carcinoma de células de Hürthle da tireóide

Também chamado de carcinoma de células oxifílicas, acomete principalmente idosos e tende a ser mais agressivo que o carcinoma folicular da tireoide.


Carcinoma medular da tireoide (CMT)

É responsável por cerca de 2% dos cânceres da tireóide. Cerca de 25% dos CMT são hereditários e ocorrem em associação com outros tumores de glândulas endócrinas, como por exemplo, as glândulas paratireoides e adrenais.

Nestes casos, fazem parte de uma síndrome conhecida como Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo 2.

Assim, todos pacientes com diagnóstico de CMT deve realizar avaliação genética para Neoplasia Endócrina Múltipla Tipo 2, e quando confirmado a sua presença seus pais, irmãos e filhos devem ser submetidos a testes genéticos para saber se herdaram o gene que causa o CMT familiar.


Carcinoma pouco diferenciado da tireoide

Este é um tipo raro de câncer de tireoide, representando menos de 5% de todos os casos.

Apresenta um maior risco de se espalhar para os pulmões e ossos e uma maior chance de recorrência após o tratamento. 

Então, juntamente com o carcinoma anaplásico da tireoide, é uma forma mais agressiva de câncer nessa glândula.


Carcinoma anaplásico da tireoide

Representa apenas 1% dos cânceres da tireoide, mas é o tumor mais grave desta glândula.

Isso porque, apresenta um crescimento rápido que frequentemente comprime e invade a traquéia, causando dificuldades respiratórias. 

Qual a causa desse câncer? Existem fatores de risco?

Ainda não conhecemos a causa exata do câncer de tireoide, mas alguns fatores de risco estão associados à doença, por exemplo:

  • Idade - dois terços dos casos de câncer de tireoide ocorrem em indivíduos entre 20 a 55 anos de idade;
  • Obesidade;
  • Histórico pessoal de radioterapia cervical;
  • Histórico familiar de doença da tireoide ou câncer de tireoide;
  • Mutação no gene RET - risco para o desenvolvimento de carcinoma medular da tireoide;
  • Sexo - as mulheres são três vezes mais propensas que os homens para desenvolver câncer de tireoide;
  • Deficiência de iodo -  rara no Brasil devido à  obrigatoriedade da iodação do sal de cozinha. 


Quais os sintomas do câncer de tireoide?

A maioria dos cânceres de tireoide são assintomáticos nas fases iniciais. Todavia, na medida em que eles crescem, podemos observar:

  • Nódulo palpável ou visível na região da tireoide;
  • Rouquidão;
  • Engasgos;
  • Falta de ar; 
  • Gânglios aumentados no pescoço.

Como é o diagnóstico do câncer de tireoide?

Se ao avaliar a ultrassonografia da tireoide suspeitarmos que algum nódulo tenha risco para câncer, indicaremos que o paciente faça uma punção aspirativa por agulha fina (PAAF), um método simples, rápido e seguro de biópsia.

Realizamos este exame com uma pequena agulha que permite a retirada de células de nódulos para posterior avaliação ao microscópio.

Então, os resultados da biópsia podem ser altamente sugestivos de câncer de tireoide e indicarão o tratamento cirúrgico.


No entanto, o câncer de tireoide só pode ser diagnosticado com certeza após a remoção cirúrgica do nódulo.



Ressaltamos que os nódulos da tireoide são muito comuns e, felizmente, menos de 1 em cada 10 será um câncer.



Como tratamos o câncer de tireoide?

Se você for diagnosticado com câncer de tireoide, seu médico discutirá as melhores opções para tratá-lo.

Isso dependerá de vários fatores, como por exemplo, o tipo de câncer, tamanho do nódulo, presença de metástase, sua idade e o estágio do tumor.   


Cirurgia 

A cirurgia é o principal tratamento para o câncer de tireoide. Dependendo do tamanho e localização do nódulo, o cirurgião removerá somente uma parte da tireoide (lobectomia) ou toda a glândula (tireoidectomia total).


Além disso, caso tenha algum gânglio suspeito na região do pescoço, pode ser necessária também a sua remoção (esvaziamento cervical). 


Radioiodoterapia 

Como as células da tireoide absorvem iodo, os pacientes podem receber iodo radioativo na forma de um líquido ou comprimido para tratar o câncer.


Então, o iodo é absorvido pelo tecido da tireóide e destrói as células cancerosas. Inclusive, podemos usar este método após a tireoidectomia para matar quaisquer células da tireoide remanescentes. 


Radioterapia cervical 

Este tipo de terapia é mais eficaz para câncer de tireoide que não absorve iodo, incluindo carcinoma anaplásico da tireoide.


Assim, podemos usá-lo contra células cancerígenas da tireoide remanescentes após a cirurgia ou cânceres que não estão respondendo bem a outros tratamentos.


Terapia hormonal

Podemos usar o tratamento com hormônio tireoidiano acima das doses fisiológicas com o objetivo de suprimir o hormônio tireoestimulante (TSH).

Isso porque, o TSH pode estimular o crescimento das células tumorais se não for controlado. 


Terapia Alvo 

Podemos usar medicações em pacientes com câncer de tireoide avançado para retardar ou interromper o crescimento do câncer.


Então, a terapia alvo atua em vias moleculares que as células cancerígenas usam para sobreviver, crescer e se disseminar.


Existem terapias alvo disponíveis para todos os tipos de câncer de tireoide e entre as mais comuns podemos citar o sorafenibe, lenvatinibe, vandetanibe e cabozantinibe. 


Quimioterapia 

A quimioterapia mata as células que estão em crescimento rápido, como as células tumorais.


Frequentemente, usamos esta técnica em combinação com a radioterapia para tratar o carcinoma anaplásico da tireoide.


No entanto, como a maioria dos outros tipos de câncer de tireoide crescem lentamente, normalmente, não usamos a quimioterapia tradicional para essa doença.


Ablação por Radiofrequência

Este é um tipo de tratamento minimamente invasivo que usamos para casos selecionados, especialmente para tumores pequenos, de até um centímetro.

Como é o seguimento do paciente com câncer de tireoide?

Exames periódicos de acompanhamento são essenciais para todos os pacientes, pois o câncer de tireoide pode retornar – às vezes vários anos após o tratamento inicial bem-sucedido.


Então, a ultrassonografia do pescoço é o principal exame de imagem que utilizaremos e através dela é possível visualizar nódulos milimétricos, não palpáveis ao exame físico, que podem indicar que o câncer retornou.


Além disso, os exames de sangue para avaliação da função tireoidiana (TSH, T4 e T3) também são importantes no seguimento de pacientes com câncer de tireóide.


Inclusive, a maioria dos pacientes que foram submetidos a tireoidectomia necessita de reposição de hormônio tireoidiano com levotiroxina.


Então, em casos de câncer de tireoide com baixo risco de recorrência, a dose de levotiroxina é menor. Já em pacientes com risco elevado do tumor recorrer ou com a presença de metástase, a dose é maior. 


Outro exame de sangue importante é a dosagem da tireoglobulina sérica (Tg), uma proteína produzida pelo tecido normal da glândula e também pelas células diferenciadas do câncer de tireoide.


Esse exame é útil no seguimento após a tireoidectomia, quando os níveis de tireoglobulina geralmente se tornam muito baixos ou indetectáveis. Então, se o seu nível estiver baixo e depois começar a subir, isso será preocupante e indicará uma possível recorrência do câncer.


No entanto, caso você tenha anticorpos de tireoglobulina, o exame de sangue da Tg pode ser mais difícil de interpretar. 


Além dos exames citados, em pacientes com suspeita de metástases podemos solicitar a pesquisa de corpo inteiro (PCI), tomografia ou ressonância da região do pescoço, tórax, abdome e coluna, tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET-TC) e cintilografia óssea.

 De que maneira o endocrinologista irá ajudar?


Como vimos, o tratamento do câncer de tireoide é complexo e possui várias peculiaridades.


Por isso, será fundamental contar com um endocrinologista experiente no tratamento de doenças da tireoide para traçar o melhor caminho.

Share by: