Nódulo de Tireoide TIRADS 4
A tireoide é uma glândula endócrina localizada no pescoço, responsável pela produção de hormônios que regulam o metabolismo, o crescimento e o desenvolvimento. Nódulos de tireoide são pequenas massas que se formam na glândula. Eles podem ser benignos ou malignos.
Quais as possíveis causas do nódulo na tireoide TIRADS 4?
Neste artigo, vamos explorar uma questão comum entre nossos pacientes: os nódulos de tireoide classificados como ACR TI-RADS 4 e a incerteza que envolve a possibilidade de serem cancerígenos.
Importância da avaliação adequada
Ao identificar a presença de um nódulo tireoidiano, seja pela palpação ou exames radiológicos, como tomografia ou ressonância do pescoço, a avaliação detalhada com a Ultrassonografia de Tireoide com Doppler torna-se fundamental.
Este é o padrão-ouro para a análise de nódulos de tireoide.
Quais são as características de um nódulo maligno da tireoide ao ultrassom da tireoide?
Quando observamos as características de um nódulo da tireoide por meio da ultrassonografia, é fundamental compreender que nenhum achado isolado confirma sua malignidade.
No entanto, certas características aumentam significativamente o risco:
- Hipoecogenicidade: o nódulo é mais escuro do que o parênquima adjacente da tireoide.
- Composição sólida: o nódulo é formado exclusivamente por conteúdo celular, sem áreas líquidas/císticas.
- Microcalcificações: pequenos pontos calcificados dentro do nódulo.
- Margens irregulares: contornos que não seguem um padrão regular.
- Formato mais alto que largo: relação entre altura e largura que sugere maior suspeição.
- Presença de linfonodos suspeitos para metástases: gânglios na região do pescoço que indicam potencial disseminação.
Além das características identificadas pela ultrassonografia da tireoide, alguns dados da história clínica e exame físico estão associados a um maior risco de câncer de tireoide, como por exemplo:
- História de crescimento rápido do nódulo;
- Crianças;
- Adultos com menos de 30 anos de idade;
- Histórico de irradiação de cabeça e pescoço;
- História familiar de câncer de tireoide ou síndromes associadas ao câncer de tireoide: por exemplo, neoplasia endócrina múltipla tipo 2 [MEN2], polipose adenomatosa familiar ou síndrome de Cowden;
- Nódulo de consistência endurecida, pouco móvel ou fixo aos tecidos vizinhos;
- Sintomas obstrutivos: dificuldade para respirar ou engolir;
- Paralisia das cordas vocais.
O que é classificação ACR TI-RADS para nódulos de tireoide?
A Classificação TI-RADS (Thyroid Imaging, Reporting and Data System) é uma ferramenta desenvolvida pelo American College of Radiology com o propósito de fornecer recomendações fundamentadas em evidências científicas para o manejo de nódulos tireoidianos, utilizando um conjunto de características ultrassonográficas.
Essa classificação leva em consideração cinco características dos nódulos visualizados na ultrassonografia, pontuando cada uma delas para prever o risco de malignidade:
- Composição;
- Ecogenicidade;
- Forma;
- Margens;
- Presença de focos ecogênicos.
Assim, ao somar os pontos atribuídos a cada característica, o nódulo é classificado em um sistema de graduação de 1 a 5, indicando um risco progressivo para malignidade:
- TI-RADS 1 (Zero pontos);
- TI-RADS 2 (2 pontos);
- TI-RADS 3 (3 pontos);
- TI-RADS 4 (4 a 6 pontos);
- TI-RADS 5 (7 ou mais pontos).

Com base nessa classificação, são formuladas recomendações específicas para a realização de Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) e o subsequente acompanhamento ultrassonográfico do nódulo.
Esse sistema visa proporcionar uma abordagem padronizada e embasada, facilitando decisões clínicas informadas diante do risco potencial de malignidade.
Nódulo de tireoide ACR TI-RADS 4 é câncer?
Consideramos os nódulos classificados como ACR TI-RADS 4 moderadamente suspeitos para malignidade.
Conforme indicado por Middleton et al. (AJR 2017), a taxa de prevalência de
malignidade para nódulos TI-RADS 4 é de 9%, variando entre 6%, 10%, e 13% para nódulos com pontuações de 4, 5 e 6, respectivamente.
Seguindo as diretrizes atuais do American College of Radiology, a recomendação é realizar a Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) para todos os nódulos de tireoide TI-RADS 4, desde que apresentem um diâmetro igual ou superior a 1,5 cm.
Já para nódulos de menor dimensão, a sugestão é realizar ultrassonografia tireoidiana a cada 12 meses.

Essas recomendações se fundamentam no crescente reconhecimento de que muitos cânceres de tireoide apresentam um curso indolente, com baixa probabilidade de causar danos significativos ao longo da vida, especialmente quando os nódulos são menores do que 1,5 cm.
Adicionalmente, as taxas de biópsias inconclusivas são notadamente mais elevadas em nódulos de menor tamanho.
Isso pode resultar em uma alta incidência de indicações cirúrgicas para nódulos que, na realidade, são benignos.

Entretanto, é fundamental destacar que a classificação ACR TI-RADS para nódulos de tireoide pode apresentar uma considerável variação interexaminador.
Portanto, a realização do exame de Ultrassonografia da Tireoide deve ser conduzida por um médico experiente na avaliação de doenças tireoidianas, utilizando um equipamento de ultrassom de alta definição e processamento de imagens para evitar possíveis erros e garantir uma análise precisa e confiável.
Quando puncionar um nódulo de tireoide ACR TI-RADS 4?
A orientação para realizar a punção de um nódulo de tireoide categorizado como ACR TI-RADS 4 é clara:
- Para nódulos com tamanho igual ou superior a 1,5 cm, recomenda-se a punção para avaliação aprofundada do risco de malignidade.
- Para nódulos menores que 1,5 cm, a decisão de realizar a punção deve ser tomada caso a caso, levando em consideração fatores como:
- Suspeita de linfonodos metastáticos;
- Histórico pessoal ou familiar de câncer de tireoide.
Essa abordagem personalizada busca otimizar a tomada de decisão clínica, direcionando intervenções para casos mais relevantes e garantindo uma avaliação precisa e abrangente.

Quando é necessário fazer a cirurgia da tireoide em nódulo ACR TI-RADS 4?
Durante a realização da Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) em um nódulo de tireoide classificado como ACR TI-RADS 4, a avaliação das características celulares é essencial, seguindo o sistema conhecido como Bethesda.
Este sistema é categorizado em seis níveis, apresentando um risco progressivo de malignidade:
- I - Não diagnóstico (Risco de malignidade de 5 a 20%);
- II - Benigno (Risco de malignidade de 2 a 7%);
- III - Atipia de significado indeterminado (Risco de malignidade de 13 a 30%)
- IV - Neoplasia folicular (Risco de malignidade de 23 a 34%)
- V - Suspeito de malignidade (Risco de malignidade de 67 a 83%)
- VI - Maligno (Risco de malignidade de 97 a 100%).

Nódulos classificados como Bethesda I ou II apresentam um baixo risco de malignidade e são monitorados por ultrassonografias subsequentes.
Para nódulos Bethesda III e IV, considerados de risco intermediário para malignidade, uma avaliação molecular (genética) pode ser indicada para melhor prever o risco e orientar a decisão sobre a cirurgia.
Nódulos classificados como Bethesda V e VI são encaminhados para tireoidectomia, devido ao alto risco associado à malignidade.
Nódulos classificados como Bethesda I ou II apresentam um baixo risco de malignidade e são monitorados por ultrassonografias subsequentes.
Para nódulos Bethesda III e IV, considerados de risco intermediário para malignidade, uma avaliação molecular (genética) pode ser indicada para melhor prever o risco e orientar a decisão sobre a cirurgia.
Nódulos classificados como Bethesda V e VI são encaminhados para tireoidectomia, devido ao alto risco associado à malignidade.

O que fazer com o nódulo de Tireoide ACR TIRADS 4? Como é o seguimento de um nódulo de tireoide ACR TI-RADS 4?
Para os Nódulos TI-RADS 4 que não requerem Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF), a abordagem adequada envolve acompanhamento por meio de ultrassonografia em intervalos regulares, geralmente a cada 6 a 12 meses.
Durante esse período de seguimento, se o nódulo apresentar crescimento para além de 1,5 cm ou desenvolver características adicionais suspeitas de malignidade, ou ainda se houver a detecção de linfonodo suspeito para malignidade, é fundamental realizar prontamente a Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF).

Para nódulos TI-RADS 4 submetidos à PAAF previamente que durante o seguimento ultrassonográfico apresentarem um aumento de 20% em pelo menos duas dimensões, acompanhado por um acréscimo mínimo de 2 mm, ou evidencie um incremento de 50% ou mais no volume, recomenda-se realizar uma nova avaliação por PAAF.
Como é a consulta médica de um paciente com nódulo de tireoide ACR TI-RADS 4 na Clínica Dr. Eduardo Henrique - Endocrinologia e Nutrição?
Ao receber o diagnóstico de um nódulo de tireoide categorizado como ACR TI-RADS 4, é fundamental buscar uma avaliação especializada com um Endocrinologista de confiança e experiência em alterações da tireoide.
Na Clínica Dr. Eduardo Henrique, nossa equipe de endocrinologistas especializados em tireoide oferece um cuidado abrangente e personalizado.
A consulta inicia-se com uma anamnese detalhada, visando identificar potenciais riscos adicionais para malignidade.
Após esse processo, acomodamos o paciente confortavelmente para realizar uma ultrassonografia da tireoide com doppler.
Essa etapa minuciosa avalia todas as características do nódulo, o tamanho da tireoide e a região do pescoço em busca de possíveis gânglios malignos.

Em seguida, após a conclusão da ultrassonografia, nossos endocrinologistas, especializados no tratamento de nódulos tireoidianos, fornecem explicações detalhadas sobre os resultados do exame, esclarecem dúvidas e indicam, se necessário, a realização da Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF).
Todas as decisões são baseadas nas evidências científicas mais recentes sobre o manejo de nódulos de tireoide.
Além disso, em caso de necessidade de PAAF, o agendamento do exame pode ser realizado diretamente em nossa clínica, proporcionando aos pacientes uma experiência contínua e conveniente em seu percurso diagnóstico e terapêutico.
Assim sendo, ressaltamos que a abordagem terapêutica do nódulo tireoidiano, apresenta complexidades e particularidades que demandam cuidado especializado.
Nesse contexto, a experiência do endocrinologista é valiosa para orientar as decisões terapêuticas, otimizando os resultados e a qualidade de vida do paciente ao longo do processo de tratamento.

Fontes:
- Tessler, Franklin N et al. “ACR Thyroid Imaging, Reporting and Data System (TI-RADS): White Paper of the ACR TI-RADS Committee.” Journal of the American College of Radiology : JACR vol. 14,5 (2017): 587-595.
- Haugen, Bryan R et al. “2015 American Thyroid Association Management Guidelines for Adult Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer: The American Thyroid Association Guidelines Task Force on Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer.” Thyroid : official journal of the American Thyroid Association vol. 26,1 (2016): 1-133.