Colesterol alto: entenda como tratar

Os níveis de colesterol alto, também chamados de hipercolesterolemia, aumentam o risco para doenças cardiovasculares, principalmente infarto e AVC.

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Inclusive, quando os níveis das gorduras no sangue estão aumentados, incluindo o colesterol e os triglicerídeos, denominamos o quadro como dislipidemia.


Em contrapartida, temos várias estratégias medicamentosas e não medicamentosas eficazes para o controle dessa gordura.


O que é o colesterol e quais os tipos existentes? Quais são as outras gorduras avaliadas nos exames de sangue?

Colesterol é um tipo de gordura presente em nosso sangue, necessária para diversas funções fisiológicas, incluindo a produção de vários hormônios.


No entanto, o problema é quando seus níveis estão em excesso. Então, comparativamente com pessoas com níveis normais de colesterol, pessoas com essa gordura elevada apresentam maior risco para doenças cardiovasculares, ataque cardíaco e AVC.


As principais gorduras dosadas nos exames de sangue são:

  • Colesterol total - Corresponde à soma das frações do colesterol.
  • LDL- Também conhecido como colesterol ruim, pois quando os seus níveis estão elevados, temos maior risco de infarto, AVC e morte por doenças cardiovasculares.
  • HDL- Também chamado de colesterol bom, pois seus níveis elevados estão associados a uma redução do risco para ataque cardíaco, AVC e doenças cardiovasculares.
  • Colesterol não-HDL - É o resultado do colesterol total menos os níveis do colesterol HDL, corresponde à soma das frações ruins do colesterol.
  • Triglicerídeos - É um tipo de gordura diferente. No entanto, seus níveis elevados estão associados a aumento do risco para doenças cardiovasculares.
  • Apolipoproteína B (Apo B) - É o principal componente da partícula de LDL. Nesse caso, seus níveis elevados estão associados a aumento do risco cardiovascular.
  • Apolipoproteína A-I (Apo A-I) - É o principal componente do colesterol HDL. Assim, sua dosagem está associada à determinação de risco cardíaco, e valores menores são associados a maior risco cardiovascular.
  • Lipoproteína (a) - É um tipo de gordura do sangue formada pela junção da Apo B com a Apolipoproteína A. Seus níveis são determinados em mais de 90% por influência da nossa carga genética e, em quantidade elevada, constitui um fator de risco cardiovascular independente.


Quais as causas para ter colesterol alto?

Existem diferentes causas para um paciente ter colesterol alto, por exemplo: 

Causas dietéticas - Em suma, ingestão excessiva de gorduras saturadas e trans.

Causas secundárias - Nesse caso, várias doenças estão associadas ao aumento dos níveis dessa gordura, entre elas:


Causas genéticas - Aqui, incluímos alterações monogenéticas, causada por mutação em somente um gene, ou causas poli genéticas, quando múltiplos fatores genéticos contribuem de forma independente para a elevação dos níveis dessa gordura.

Por fim, é importante ressaltar que muitos pacientes apresentam elevação do colesterol devido à combinação de alterações no estilo de vida associada à predisposição genética.


Quais são os riscos desta alteração?

O colesterol alto é um dos principais responsáveis pela aterosclerose. 

Ou seja, uma doença inflamatória crônica que leva à formação de placas de gordura, cálcio e outros componentes na parede das artérias no nosso corpo.


Assim, as placas de gordura podem culminar com a obstrução de artérias importantes para o suprimento de oxigênio de órgãos vitais, como o nosso coração e cérebro, levando a um quadro de infarto ou AVC.

Quais são os sintomas quando a pessoa está com colesterol alto?

A princípio, o colesterol elevado não provoca sintomas, nem mesmo quando começa a formar placas em nossos vasos.


Então, o primeiro sintoma pode acabar sendo condições mais graves, como um infarto do miocárdio ou mesmo um acidente vascular cerebral.


Alguns pacientes, principalmente aqueles com formas hereditárias de aumento do colesterol, podem manifestar pequenas placas de gorduras amareladas nas regiões palpebrais, conhecidas como xantelasma (vide foto ao lado).

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico das alterações do colesterol é realizado pela dosagem dos níveis dessa gordura no sangue, preferencialmente com jejum de 12h.


Inicialmente, os níveis de colesterol podem ser dosados sem jejum. Porém, é frequente que, nesta condição, os níveis de triglicerídeos estejam elevados.


Assim, quando a elevação dos níveis de triglicerídeos é superior a 400mg/dl, a precisão do cálculo dos níveis de colesterol LDL é afetada.


Qual é a taxa normal do colesterol e das outras gorduras do sangue?

Acima de tudo, mais importante do que a avaliação dos níveis de colesterol total, é a avaliação dos níveis das frações dessa gordura.

Por isso, as metas principais do controle dos níveis de colesterol são baseadas, principalmente, nos níveis de colesterol ruim, o LDL. 

Então, as metas de controle dos níveis de LDL mudam conforme o risco cardiovascular do paciente.

Assim, as diretrizes de dislipidemia da European Society of Cardiology (ESC) colocam como metas para o colesterol LDL:

  • < 55 mg/dl para pacientes com risco cardiovascular muito elevado.
  • < 70 mg/dl para pacientes com risco cardiovascular elevado.
  • < 100 mg/dl para pacientes com risco cardiovascular moderado.
  • < 116 mg/dl para pacientes com risco cardiovascular baixo.


Para as demais gorduras do sangue, as metas de controle são:

Colesterol não HDL:

  • < 85 mg/dl pacientes com risco cardiovascular muito elevado.
  • < 100 mg/dl para pacientes com risco cardiovascular elevado.
  • < 130 mg/dl para pacientes com risco cardiovascular moderado.


Colesterol HDL:

  • > 40 mg/dl


Apolipoproteína A-I (Apo A-I)

  • < 120 mg/dl para homens.
  • < 140 mg/dl para mulheres.


Apolipoproteína B:

  • < 65 mg/dl pacientes com risco cardiovascular muito elevado.
  • < 80 mg/dl para pacientes com risco cardiovascular elevado.
  • < 100 mg/dl para pacientes com risco cardiovascular moderado.


Lipoproteína (a):

  • < 30 mg/dl.


Triglicerídeos:

  • < 150 mg/dl.


Quais são as medidas não medicamentosas para atingir um bom controle dos níveis de colesterol?

Diversas são as medidas que envolvem o estilo de vida e podem atuar no controle do colesterol, por exemplo:

  • Evitar consumo excessivo de carne vermelha, manteiga, alimentos fritos, queijos amarelos e outros alimentos ricos em gorduras saturadas;
  • Primordial, aumentar o consumo de fibras solúveis. (A fibra solúvel é encontrada nas frutas, aveia, linhaça, feijão, ervilha, lentilha e soja);
  • Manter o peso corporal dentro da normalidade (Para quem está com sobrepeso ou obesidade, uma redução do peso acima de 5% já traz redução nos níveis dessa gordura);
  • Aumentar a atividade física (Ter como meta realizar 30 minutos ou mais de atividade física todos os dias);
  • Acima de tudo, cessar com o tabagismo;
  • Por fim, evitar o consumo de bebida alcoólica.

Como é feito o tratamento para o colesterol alto? De que maneira o endocrinologista irá ajudar?

Primeiramente, a indicação de medicação para tratamento deve levar em consideração o risco cardiovascular do paciente e não somente os níveis de colesterol.


Assim, essa avaliação do risco cardiovascular é realizada de forma detalhada pelo seu médico.


Portanto, são levados em consideração os hábitos de vida, histórico pessoal e familiar de infarto, AVC e morte por doenças cardiovasculares, além do histórico de alterações metabólicas e cardiovasculares, como diabetes e hipertensão.

As principais classes de medicações usadas para controle do colesterol estão descritas abaixo:


Estatinas

As estatinas são as medicações mais estudadas e, no geral, a primeira escolha de tratamento do colesterol elevado. Elas agem inibindo uma enzima chamada HMG-CoA redutase, responsável pela produção do LDL. 


As estatinas de alta potência, como a rosuvastatina e a atorvastatina, são a opção de escolha para se obter redução acima de 50% nos níveis de LDL, sendo difícil alcançar tal meta com o uso isolado da sinvastatina, pravastatina, pitavastatina ou fluvastatina.


Ezetimiba

A ezetimiba inibe a absorção de colesterol pelas células do intestino delgado, atuando seletivamente nos receptores NPC1-L1 e inibindo o transporte intestinal dessa gordura.


Dessa forma, a inibição da absorção de colesterol leva a uma redução nos níveis de LDL em 10 a 25%. A ezetimiba é uma opção naqueles pacientes intolerantes à estatina ou em associação com as estatinas e/ou inibidores da PCSK9 naqueles pacientes que persistem com a gordura em nível elevado.


Inibidores da PCSK9

São um tipo de anticorpo monoclonal totalmente humano que se liga à pró-proteína convertase subtilisina/quexina tipo 9 (PCSK9). A PCSK9 se liga aos receptores de lipoproteína de baixa densidade (LDLR) na superfície dos hepatócitos, promovendo a degradação desses receptores dentro do fígado.


O LDLR é o receptor primário responsável pela remoção das LDLs circulantes. Portanto, a redução do número de LDLR pela PCSK9 resulta em um maior nível sanguíneo de LDL-C (lipoproteína de baixa densidade). Logo, ao inibir a ligação da PCSK9 ao LDLR aumentam o número de receptores disponíveis para remover as LDLs circulantes, diminuindo, assim, os níveis de LDL-C.


Atualmente, no mercado brasileiro temos dois representantes desta classe de medicação, o evolocumabe (Repatha®) e o alirocumabe ( Praluent®).


Nesse caso, são as medicações mais efetivas em baixar os níveis de colesterol, porém, seu valor elevado ainda é um limitante para seu uso em muitos pacientes.


Como será o acompanhamento do paciente?

Após o início ou ajuste das medicações para o controle da condição, uma nova reavaliação clínica e laboratorial deve ser realizada após 8 a 12 semanas.


Então, caso os níveis de colesterol tenham atingido as metas de controle, uma nova reavaliação é realizada a cada 6 meses.


Por isso, a avaliação nos níveis dessa gordura deve ser individualizada para cada paciente.


Assim, a estratificação do risco cardiovascular pelo seu médico é fundamental para a decisão em relação à necessidade de mudanças do estilo de vida e/ou uso de medicamento para baixar o colesterol e, consequentemente, controlar o risco para doenças cardiovasculares.


O mais importante é lembrar que esta é uma condição silenciosa, na maior parte dos casos. 


Ou seja, é fundamental fazer consultas periódicas de check up e, na presença de alterações metabólicas das gorduras do sangue, seguir à risca o tratamento indicado pelo seu endocrinologista!

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