Distúrbios da Vitamina D
Embora a vitamina D seja denominada “vitamina”, conceitualmente ela se trata de um pré-hormônio.
Mais sobre a Vitamina D
A vitamina D tem sua função principal no sistema osteomuscular, sendo responsável por manter os níveis de cálcio e fósforo (principais sais da composição óssea) normais no sangue.
Assim, entre suas principais funções estão:
- Aumento da absorção de cálcio e fósforo pelo intestino;
- Inibição da liberação do hormônio da paratireoide, o paratormônio (PTH), um hormônio que aumenta a perda óssea.
Além da sua importância na saúde óssea, esta substância está envolvida em vias metabólicas associadas ao controle da imunidade, prevenção do câncer, doenças cardiovasculares e diabetes.
Quais as principais fontes desta vitamina?
Podemos obter a vitamina D a partir de fontes alimentares, como por exemplo, o óleo de fígado de bacalhau, salmão, atum e cogumelos.
No entanto, a principal fonte dessa vitamina é a exposição solar, que estimula sua produção pelo próprio organismo.
Quais as principais causas e sintomas da deficiência de vitamina D?
Apesar do Brasil ser um país com bastante incidência de sol, diversos estudos mostram que cerca de 20 a 25% da população apresenta insuficiência desta vitamina, a depender da região.
Então, como principais fatores para a deficiência desta vitamina temos:
- Baixa exposição solar;
- Dificuldade de absorção no intestino, por exemplo, após cirurgias no intestino e pós cirurgia bariátrica;
- Doenças renais e hepáticas, pois o fígado e o rim têm enzimas importantes para o metabolismo da vitamina D;
- Baixa ingestão pela dieta, uma vez que fontes alimentares ricas nesta substância não fazem parte da alimentação diária da maioria da população brasileira;
- Alterações genéticas do metabolismo da vitamina D.
A deficiência desta substância pode levar à perda óssea, osteoporose e fraturas ósseas.
Em crianças, pode afetar o desenvolvimento ósseo, ocasionando quadros de raquitismo e retardo do crescimento.
Além disso, outros sintomas incluem fraqueza muscular, fadiga, quedas e dores articulares.

Como é o diagnóstico de deficiência de vitamina D?
Realizamos o diagnóstico através da dosagem sanguínea dos níveis de 25-hidroxi-vitamina D.
Níveis entre 30 a 60 ng/mL são considerados normais para a maioria da população.
Quando a suplementação será necessária e como é realizada?
A suplementação é indicada quando a dosagem de vitamina D encontra-se abaixo dos níveis esperados para idade e condição de saúde do paciente.
Esta vitamina possui excelente absorção oral, então, podemos receitá-la na forma de cápsulas, comprimidos ou gotas.
Além disso, será possível fazer a suplementação em intervalos diários ou semanais, conforme a preferência do paciente e condição de saúde.
A suplementação injetável, na grande maioria das vezes, é desnecessária. Isso porque, a via oral é menos invasiva e apresenta boa absorção.

Existem riscos de fazer a suplementação por conta própria?
A suplementação em doses elevadas de vitamina D sem acompanhamento médico pode levar a um quadro de intoxicação, geralmente quando os níveis sanguíneos da vitamina estão acima de 100 ng/ml.
Na intoxicação, temos uma absorção excessiva de cálcio e fósforo pelo intestino, ocasionando um quadro de aumento dos níveis sanguíneos de cálcio (Hipercalcemia).
O aumento do cálcio devido ao excesso desta vitamina no organismo pode levar a diversos sintomas, por exemplo:
- Fadiga;
- Fraqueza;
- Constipação intestinal;
- Dor muscular;
- Perda de apetite;
- Náusea e vômitos;
- Confusão mental;
- Sonolência;
- Desidratação.
Casos mais graves podem provocar a parada do funcionamento dos rins (insuficiência renal aguda) com necessidade de hemodiálise. Além disso, pode ocasionar coma e arritmias graves.
Qual o tratamento da intoxicação por vitamina D?
Tratamos os pacientes com intoxicação leve com a suspensão da suplementação e dieta com restrição de cálcio, até a resolução do quadro.
Já em casos de intoxicação grave, é necessário internação hospitalar com hidratação endovenosa intensa e medicações para baixar os níveis de cálcio do sangue.
Além disso, quando ocorre insuficiência renal grave, o paciente deve passar por sessões de hemodiálise até os rins restabelecerem o funcionamento.
Devido ao tempo de duração da vitamina D no organismo ser de duas a três semanas, a melhora da intoxicação pode demorar este período para os seus níveis normalizarem.
Como vimos, a vitamina D exerce importantes funções no nosso organismo, mas tanto níveis baixos quanto excessivos podem ser prejudiciais para a saúde.
Dessa maneira, para manter os níveis adequados, torna-se importante fazer a dosagem sanguínea da 25-hidroxi-vitamina D e suplementar somente quando necessário.