Retatrutida: nova medicação para obesidade e diabetes tipo 2 com perda de até 24% do peso

11 de agosto de 2023

Diante do aumento da obesidade e diabetes tipo 2, que são duas das principais epidemias de saúde enfrentadas em todo o mundo, a busca por tratamentos eficazes se tornou uma prioridade para a comunidade médica e científica.

Recentemente, surgiram resultados encorajadores de estudos clínicos sobre uma nova medicação chamada Retatrutida, que atua como um triplo agonista de receptores hormonais.


Neste artigo, exploraremos os resultados dos estudos com esta medicação que demonstraram avanços significativos no tratamento da obesidade e diabetes tipo 2.


O que é Retatrutida e como funciona?


A Retatrutida é uma medicação inovadora desenvolvida para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2.


Ela é um triplo agonista de receptores hormonais, estimulando os receptores dos hormônios GIP (Peptídeo Inibidor Gástrico), GLP-1 (Peptídeo 1 Semelhante ao Glucagon) e glucagon.


Essa combinação única de ação tem o objetivo de proporcionar um controle mais abrangente do metabolismo energético e do controle da glicose no sangue.


Diante disso, observamos redução do apetite, aumento da taxa metabólica e, consequentemente, perda de peso em pacientes acima do peso.


Ademais, a ativação dos receptores GIP e GLP-1 também promove a liberação adequada de insulina e o aumento da sensibilidade à insulina no tecido periférico, tornando a Retatrutida uma promessa no tratamento do diabetes tipo 2.


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Medicações que estimulam o receptor de GLP-1 isolado já são usadas para o tratamento da obesidade e/ou diabetes tipo 2.


Entre elas, estão: semaglutida (Princípio ativo presente no Wegovy®, Ozempic®, Rybelsus®), liraglutida (Princípio ativo do Victoza® e Saxenda®), dulaglutida (Princípio ativo presente Trulicity®).


Outra medicação que estimula tanto o receptor de GLP-1 quanto o GIP  é a Tirzepatida (Princípio ativo do Mounjaro®), sendo atualmente a medicação com a maior taxa de perda de peso nos estudos clínicos fase III. 


O grande diferencial da Retatrutida é o estímulo simultâneo dos 3 hormônios intestinais: GLP-1, GIP e glucagon.


Este triplo agonismo traz uma perda de peso nunca vista antes em outros tratamentos para obesidade, além de um excelente controle do diabetes tipo 2. 

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Acompanhe os resultados recentes das pesquisas clínicas com a medicação!


Resultados da Retatrutida no emagrecimento


O estudo clínico fase II "Triple-Hormone-Receptor Agonist Ratatrutide for Obesity", publicado em junho de 2023 no conceituado jornal médico The New England Journal of Medicine, foi conduzido para avaliar a eficácia e segurança da Retatrutida no tratamento da obesidade.


Participaram do estudo mais de 300 indivíduos adultos sem diabetes e com obesidade ou sobrepeso, que receberam doses variadas de Retatrutida subcutânea semanal ou placebo durante um período de 48 semanas.


Os resultados demonstraram que os pacientes tratados com Retatrutida apresentaram uma perda significativa de peso em comparação com o grupo placebo.


Nesse caso, observou-se uma média de perda de peso de 24,2 % do peso inicial nos pacientes tratados com a dose mais efetiva de Retatrutida. 


Essa perda de 24,2% no intervalo de 48 semanas de tratamento com Retatrutida 12mg semanal nunca havia sido observada com outros tratamentos medicamentosos para obesidade.


Inclusive, a perda de peso ficou muito próxima à observada com a cirurgia bariátrica. 


Para um melhor entendimento, entre as medicações aprovadas no Brasil pela ANVISA  para tratamento da obesidade semaglutida (Princípio ativo presente no Wegovy®, Ozempic®, Rybelsus®), liraglutida (Princípio ativo presente no Victoza® e Saxenda®), contrave®, sibutramina  e orlistate nenhuma apresenta taxa de perda de peso média superior a 20% em pesquisas clínicas.

Além disso, cerca de ¼ (26%) dos pacientes tratados com Retatrutida 12mg semanal apresentaram perda de peso ≥ 30%, cerca de ½ (48%) ≥25% e aproximadamente ⅔ (63%) ≥20%, resultados inéditos para o tratamento da obesidade.


A Retatrutida também mostrou melhorias na sensibilidade à insulina, níveis de pressão arterial, gorduras do sangue, taxas de glicemia, na regulação do apetite e na redução da circunferência abdominal.


Esses são fatores importantes para a saúde metabólica.


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Ademais, também foi possível observar a segurança do tratamento com Retatrutida.


Os eventos adversos foram geralmente leves, transitórios e bem tolerados.


Sendo assim, esses resultados são altamente encorajadores, pois indicam que a medicação tem potencial para se tornar uma opção de tratamento eficaz e segura para a obesidade.


Resultados da Retatrutida no tratamento do diabetes tipo 2


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Além da eficácia inédita da Retatrutida no tratamento da obesidade, a medicação também tem mostrado resultados promissores no controle do diabetes tipo 2.


O estudo clínico fase II "Retatrutide, a GIP, GLP-1 and glucagon receptor agonist, for people with type 2 diabetes", publicado em junho de 2023 no The Lancet, avaliou a eficácia e a segurança da medicação em 281 pacientes com diabetes tipo 2 e sobrepeso ou obesidade durante 36 semanas de tratamento.


Avaliou-se a Retatrutida em diferentes doses semanais em comparação à placebo ou dulaglutida 1,5mg semanal (Princípio ativo presente Trulicity®).


Os resultados deste estudo revelaram que a Retatrutida proporcionou uma melhora significativa no controle glicêmico dos pacientes com diabetes tipo 2.


A medicação ajudou a reduzir os níveis de glicose no sangue e da hemoglobina glicada de forma mais efetiva do que o placebo e até mesmo mais do que outro agonista de receptor hormonal GLP-1, a dulaglutida, utilizados no tratamento do diabetes tipo 2.

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Além disso, a Retatrutida também demonstrou ser benéfica na redução do peso corporal dos pacientes com diabetes tipo 2.


A perda de peso alcançada com a dose mais efetiva da medicação, 12 mg semanal, foi de 17,2% em 36 semanas.


Vale dizer que nunca se observou essa taxa com tratamentos medicamentosos para diabetes tipo 2.


A perda de peso observada contribuiu para uma melhoria adicional do controle glicêmico, diminuição da resistência à insulina, redução nos níveis de pressão arterial e gorduras do sangue. 

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Outro achado importante foi a ausência da incidência de hipoglicemia grave (<54 mg/dL) nos pacientes tratados com Retatrutida.


A hipoglicemia é uma complicação preocupante no tratamento do diabetes tipo 2, e a capacidade da Retatrutida de reduzir esse risco é extremamente relevante.


Quais os efeitos colaterais observados com esse medicamento?


Os efeitos adversos mais comuns com a Retatrutida são gastrointestinais, como náusea, diarreia, vômitos e constipação.


Geralmente, estes efeitos colaterais são leves a moderados, com maior frequência durante o início do tratamento ou nos aumentos de dose.


O perfil de efeitos colaterais da Retatrutida é semelhante aos análogos do receptor de GLP-1 isolado já são usadas para o tratamento da obesidade e/ou diabetes, como a semaglutida (Princípio ativo do Wegovy®, Ozempic®, Rybelsus®), liraglutida (Princípio ativo do Victoza® e Saxenda®), dulaglutida (Princípio ativo presente Trulicity®) ou do análago do receptor de GLP-1 e GIP : Tirzepatida (Princípio ativo do Mounjaro®). 


Considerações Finais


Os resultados dos estudos clínicos com Retatrutida são altamente promissores para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2.


A Ratatrutida, como um triplo agonista de receptores hormonais, mostrou-se eficaz na promoção da perda de peso e no controle glicêmico, tornando-se um potencial opção terapêutica valiosa para pacientes que enfrentam essas condições metabólicas.


É importante ressaltar que a Retatrutida ainda está em fase de pesquisa e desenvolvimento.


Dessa forma, os resultados deste artigo são dos trabalhos fase II de pesquisa clínica com a medicação e sua aprovação e disponibilidade no mercado ainda requerem mais estudos e aprovações regulatórias.


Entretanto, os avanços demonstrados até o momento são animadores e reacendem a esperança na busca por tratamentos mais eficazes.


O laboratório Lilly apresenta 4 estudos clínicos fase III intitulados TRIUMPH-1, TRIUMPH-2, TRIUMPH-3 e TRIUMPH-4 com previsão de conclusão a partir de 2025.


Se estes trabalhos mantiverem resultados positivos na segurança e eficácia da Retatrutida para o tratamento da obesidade, possivelmente as agências regulatórias de saúde aprovarão esta medicação para o tratamento da obesidade e sobrepeso.


Assim, enquanto aguardamos mais estudos com a Retatrutida, é fundamental que os pacientes que enfrentam obesidade e diabetes tipo 2 busquem acompanhamento médico especializado. 


O Endocrinologista é o profissional mais indicado para avaliar cada caso individualmente.


Nesse caso, ele irá prescrever tratamentos adequados e orientar mudanças no estilo de vida.


Isso inclui uma dieta equilibrada e a prática regular de atividades físicas para alcançar uma melhor qualidade de vida e bem-estar metabólico.



Ademais, a ciência continua avançando, e novas esperanças estão no horizonte para a luta contra essas doenças metabólicas.


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